A abertura de caminho para a implantação de uma estrada de ferro depende de muitas atividades preliminares de preparação do solo, pois o terreno selecionado geralmente se encontra em seu estado natural, também chamado de “solo in natura”.  Logo, se faz necessário a aplicação dos processos de seleção e marcação do solo, limpeza de faixa, desmatamento, destocamento, terraplenagem e drenagem (obras de arte corrente), além da construção de “obras de arte”, de modo a driblar a naturalidade e os desníveis do terreno.

As atividades preliminares de implantação da infraestrutura, também chamadas de abertura de caminho, variam de acordo fatores e crivos específicos da área, que vão desde moradores das localidades próximas à área selecionada, até licenças ambientais de órgãos governamentais. Lembrando que, para os casos em que o terreno já está selecionado e demarcado o legislador teve a ótica de reservar em Lei (6.766/1979) uma porção de terra ao redor das ferrovias, sendo este 15 metros para ambos os lados, chamado de faixa de domínio da estrada ferroviária, está área deverá ser preservada para construção, implementação, ampliação, manutenção e segurança do transporte a ser realizado na estrada de ferro.

Seleção e demarcação do terreno:

Alguns fatores essenciais devem ser analisados antes da seleção de um terreno útil para a implantação de uma estrada de ferro, uma boa seleção do solo de implantação pode gerar uma economia de valores expressivos, se considerarmos o alto custo médio de implantação de uma estrada de ferro. Estes fatores iniciais estão abaixo listados:

-Observe o desnível do terreno (através de topografia);

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-Verifique o tipo de solo e de subsolo;

-Confira a posição do solo em relação ao sol;

-Avalie os lençóis freáticos;

-Leve em conta localização e os moradores da região;

-Além do tamanho, verifique os recuos obrigatórios (Definidos por Lei Federal);

-Cheque o zoneamento e as limitações que o solo impõe;

-Verifique os preceitos ambientais se houver uma densa mata nativa;

-Pense sobre a infraestrutura já existente na região;

-Estudar a drenagem apropriada do terreno.

Salienta-se que o valor médio por quilômetro para a implantação de uma estrada de ferro regula por volta de R$ 2.300.000 (dois milhões e trezentos mil reais) (dados 2015), podendo este valor variar de maneira drástica de acordo com condições iniciais do terreno e condições ambientais da região.

Topografia:

O significado básico da palavra Topografia se divide em, “topos”, a primeira parte que significa “lugar”, “região”, e “grafia”, segunda parte, que significa “descrever”, portanto “descrição de um lugar”, em outras palavras, é a ciência que estuda o espaço geográfico de uma região, definindo a sua situação e localização na Terra ou outros corpos astronómicos incluindo planetas, luas, e asteroides.

Na ferrovia, a topografia tem como finalidade através da altimetria descrever a variação do relevo do terreno e sua variação gráfica, visualizando as curvas de nível e as diferenças de nível. Após a execução do processo de topografia, se inicia a traçagem da rota da estrada de ferro.

O processo de topografia sempre é aplicado em escalas de redução, que nada mais é do que desenhar algo grande e reduzir este desenho, fazendo com que o desenho fique bem definido em papel ou de forma eletrônica, facilitando desta forma a análise e o estudo da área sem a necessidade da visita ao campo.

Terraplenagem e Topografia

O objetivo inicial da topografia é sempre estudar os locais montanhosos para que a estrada de ferro não sofra grandes resistências a aclives e declives, sempre preferindo por inclinações abaixo de 2%, lê-se a diferença de altitude de dois metros a cada cem metros. Também é importante contornar áreas onde a hidrografia e a vegetação sofrerão menos impactos com a construção da estrada de ferro.

Este processo não é sequenciado, a topografia e aplicada de forma simultânea durante quase todo a ação de correção com o processo de infraestrutura.

Marcação do Terreno:

No processo de implantação da ferrovia, após a seleção do terreno, realização da topografia e da definição da rota da via, deve-se iniciar a marcação do solo “in natura”, pois este pode apresentar neste estado desníveis acentuados e plataformas instáveis.

Totalmente ligada ao processo de topografia, esta marcação é realizada de modo a auxiliar a adequação do solo aos padrões exigidos para a implantação do sistema ferroviário, nivelando os bordos do terreno e colocando-o na cota de projeto, sempre levando em consideração a inclinação dos taludes.

Neste processo é utilizada a locação de off-sets, que é a implantação de estacas para efetuar a marcação de referências geométricas (topografia) sobre o terreno a receber a terraplenagem, demarcando o local de ocupação da estrada.

Realiza-se também a aplicação de testemunhas com dados da descrição das cotas e dos pontos referenciais, pois as estacas acabam se perdendo no decorrer da obra.

Atualmente já existem softwares que auxiliam na implantação de off-sets, aumentando a segurança ativa do processo e facilitando a análise crítica da equipe responsável pela obra. Observa-se também que qualquer erro de execução nesta fase pode trazer grandes prejuízos e atrasos no processo, sendo em algumas vezes até inviável uma correção.

Todo o processo de marcação do solo serve como base para o processo de terraplenagem, que veremos nos próximos conteúdos.

Marcação do Terreno (imagem 3)

 Limpeza de faixa:

O processo limpeza de faixa compreende a abertura inicial de caminho na área selecionada, a roçada e o mortificação de toda e qualquer vegetação, inclusive a poda ou abate de árvores (desmatamento), sendo estes realizados até a uma altura máxima inicial de 30 cm do solo, de forma que, o tamanho reduzido seja ideal para o deslocamento do maquinário de correção, veículos de auxílio e terraplenagem em áreas de difícil acesso. O artifício de limpeza inclui também correções preliminares dos níveis do solo causados pela remoção da vegetação.

Limpeza

Desmatamento:

Na ferrovia se define como o processo de desaparecimento completo e permanente da vegetação original, bem como a manutenção da não-vegetação na área da estrada de ferro. Embora o conceito se aplique em senso estrito à perda de florestas e formações vegetais diversas, ou seja, algo que se define como negativo e predatório, o objetivo principal do desmatamento para construção de ferrovias significa o avanço nos meios de transporte da região e a implantação de uma nova forma de lucro para a localidade. A vegetação também pode ser estocada para posterior uso no processo de reflorestamento do local.

Deve-se obter a precaução de não expor os solos sem proteção diretamente às intempéries, pois tal ação proporciona o processo de erosão e assoreamento de solos e taludes.

A Face do Desmatamento

Destocamento:

O processo de destocamento se define como a retirada dos materiais (tocos) que ficam lançados sobre o solo após o processo anterior, o desmatamento. Neste processo são utilizadas máquinas e técnicas de forma a tornar mais eficiente a limpeza dos resíduos deixados pelo desmatamento. Este processo também pode ser executado por meio manual, através de roçada.

Processo de Destocamento Manual

Decapagem:

Em principio, a decapagem se define como o processo de retirada do solo com resíduos de vegetação, deixados pelos dois processos de “limpeza” anteriores, o desmatamento e o destocamento. Não se pode confundir este processo com o processo de substituição dos solos.

Processo de Decapagem

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Sobre o Artigo:

Esse material foi publicado por Lucas Evaristo

Lucas Evaristo é Logístico e Cientista de Dados de formação superior, especialista em Gestão de Projetos e Operação Ferroviária. Estudante de Engenharia Civil e apaixonado por Ferrovia.

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